03 agosto 2017

Um dia o homem foi pássaro


Um dia o homem foi pássaro. 
Dançava livre pelas estepes, corria alegre pelas planícies, cantava seu respeito ao sagrado.
Houve um tempo em que o homem ouvia a sabedoria do vento, dos mais velhos, da mãe Terra.
Entendia a língua das árvores e dos animais.
O pássaro foi aos poucos perdendo as penas e a alegria.

O sagrado foi deixado de lado.
O homem ficou surdo à sabedoria ancestral.
Foi gradualmente embaraçando-se em falsas ideologias e falsos profetas.
Seus olhos perdiam cada dia mais o brilho das estrelas.
Quanto mais se separava da natureza, mais doente ficava.
Deixou de adorar os deuses dos antepassados e passou a adorar papeis e pedaços de metal que trocava por coisas, muitas das quais nem precisava. E quanto mais tinha, mais queria.
Degradou a mãe Terra sem pensar nos que viriam após.
Alucinado, isolou-se em povoações onde há muitos homens agrupados, carregando por todo lado seus animais que pesam toneladas e envenenam o ar.
Esqueceu-se de quem era.

Um dia o homem foi pássaro. 
Vendeu sua liberdade, seu respeito, sua alegria.
Está enjaulado na gaiola que fez para si mesmo.


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